No ar há um mês, “Guerra dos sexos”, novela das 19h da Globo, até agora não conseguiu escapar de se mostrar uma história datada. A trama de 1985 não se renovou e os conflitos que encantaram o público na versão original ficaram murchos. Para piorar, a direção apostou num tom próximo ao do desenho animado. Essa infeliz combinação de fatores teve sua mais evidente expressão esta semana, na cena que reuniu o personagem de Edson Celulari, Felipe, e suas ex-mulheres (as participações luxuosas de Maitê Proença, Cláudia Ohana, Letícia Sabatella, Giulia Gam e Regiane Alves).

O pomo da discórdia era o valor da pensão do milionário para as moças. O assunto, convenhamos, não empolga nem se debatido de forma realista. Como pastelão ficou bobo. Os nomes das personagens — Jennifer, Gisele, Angelina, Madonna, Rihana — eram referências a ídolos do cenário pop, ironia das ironias, todas elas mulheres bem-sucedidas e trabalhadoras. Celulari, que aparece cena sim, cena não com o nó da gravata desfeito, como um personagem da “Corrida maluca” que acaba de ser atropelado, estava abilolado em meio àquela que Felipe chamou de “manada”. A visita era para anunciar a fundação da “associação das ex-esposas” e estabelecer algumas reivindicações. A questão, explicou uma delas, é que “o dólar não rende, o euro está mal, o mundo entrou num caos financeiro e nossas pensões continuam as mesmas. Que mulher consegue, hoje em dia, se manter com uma pensão de 20 mil reais?”. Puxado. Houve gritaria, ameaça de que elas teriam de trabalhar e finalmente tudo se encerrou.

Foi muito barulho por nada. Um mês no ar já é suficiente para se fazer uma avaliação. Por outro lado, ainda é tempo de uma guinada radical.